Suicídio – o acolhimento é a melhor abordagem!
Muitas vezes ouço de pessoas que percebem ideações suicidas, ou situações de auto-agressão, auto-mutilação como “uma coisa para chamar atenção”, como se essa afirmação diminuísse a intensidade do que está por trás deste sentimento. Não é esperado que o ser humano tenha práticas de auto-agressão consciente, que sua dor tire o brilho de viver. É um indicador de que as emoções estão em profundo desequilíbrio.
Não devemos entender “o chamar a atenção” como algo pejorativo e sim uma oportunidade de ajudar esta pessoa. Esses sintomas aparecem como uma tentativa de busca por equilíbrio. E essa resposta nem sempre é coerente, mas é a melhor forma que aquela pessoa consegue estabelecer diante da situação conflitante.
Então, a pessoa que acolhe deve, inicialmente, descartar falas do tipo: “você não deveria fazer isso, sua vida é boa”. Pode ser mais difícil ainda para a pessoa que não reconhece em si outros recursos (além da desesperança, se sente culpado). Isso não significa concordar ou reforçar o ato, mas acolher e oferecer escuta.
Importante destacar que escutar que alguém está sem esperança pode ser muito desafiador, e por isso as vezes os cuidadores precisam de apoio profissional (também)
Jovens
No #setembroamarelo ouvimos muito falar em prevenção, mas como nos aproximarmos dos adolescentes para conversarmos melhor? Alguns pontos importantes:
A) Observar se questões sobre desesperança, auto agressão e auto depreciação aparecem em canais de comunicação, como perfis das redes sociais, ou entre amigos, na escola.. daí é importante levantar os fatores de risco;
B) Falar sobre o assunto de forma clara, demonstrando que está percebendo o sofrimento em questão. Perguntar, por exemplo: Está tão difícil que você quer acabar com sua vida?; .
C) Buscar apoio psicológico e/ou psiquiátrico para o próprio jovem, e para orientação familiar (esse processo pode levar um tempo, mas é bem importante dar ao adolescente a possibilidade de ter empatia com o profissional;
D) Oferecer um diálogo honesto que fale de sentimentos tais como, raiva, tristeza, desejo de vingança; .
E) Reconhecer e confirmar o desgaste emocional, e abrir diálogo para entender os apoios necessários, mantendo a calma.
F) Estabelecer combinados por exemplo: “Você precisa me ajudar a ajudar você, vamos aguardar um período de tratamento para ver como se sente?” Sempre lembrando que o apoio profissional é fundamental ao suporte nesses casos
Pósvenção a pessoas enlutadas pelo suicídio
Uma das ações da Campanha Setembro Amarelo é sensibilizar o público sobre a pósvenção ao suicídio, que é a ajuda aos familiares e amigos que perderam uma pessoa querida. Essas pessoas são principalmente os familiares, mas também os amigos, os provedores de ajuda, como os bombeiros que prestaram socorro, médicos que fizeram o atendimento, os terapeutas e a comunidade toda que foi impactada.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) afirma que, de 4 a 6 pessoas são diretamente impactadas por cada suicídio que acontece no mundo. Quando pensamos na morte de adolescentes, por exemplo, este número pode aumentar consideravelmente devido a idade escolar.
E como podemos ajudar os familiares e amigos que aqui ficaram? Existe muita dificuldade em compreender os motivos que levaram a uma situação tão delicada. Os familiares sentem-se abandonados e culpados. É muito importante que os familiares e a comunidade fiquem próximos e atentos a essas pessoas enlutadas, pois cada um pode reagir de uma maneira diferente. Ao evitar falar sobre o assunto, se promove a transmissão do trauma. Então, acolher é a melhor solução.. as pessoas precisam falar e precisamos ouvi-las, apenas ouvi-las, e se necessário, sugerir um encaminhamento médico ou terapêutico.
É um mito a ideia de que falar sobre suicídio com as pessoas que estão com ideação suicida pode induzi-las a isso. Pelo contrário, a percepção é um contato e uma conversa franca, amorosa, pode ajudá-la a se sentir segurança em falar sobre o assunto e dar vazão à dor da perda.
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