Ser mulher é um fator de risco social para sofrimentos emocionais

Não há dúvida que o sofrimento emocional atinge seres humanos sem distinção. Mas também não há dúvida dos fatores de risco social que aumentam essas probabilidades. Um desses fatores é ser mulher.

Ser mulher é um fator de risco social para sofrimentos emocionais. Apenas ser mulher.

Talvez você ache exagero, mas segue uma lista de situações diretamente ligadas com as demandas sociais de gênero: Feminicídio, desigualdade salarial, sobrecarga mental da gestão doméstica, pressão estética, pressão pela maternidade e idealização deste papel, repressão da sexualidade, violência sexual, e a lista segue. Além disso, não se pode esquecer das diversas formas de ser mulher e como outros fatores podem aumentar o risco de exclusão social (mulheres pretas, em situação de deficiência, indígenas e trans estão ainda mais expostas).

Nos atendimentos psicológicos a mulheres lidamos com os dilemas existenciais específicos de cada história, mas que inevitavelmente são atravessadas por um ou mais desses dilemas do feminino. É como se a nossa jornada existencial fosse alguns kilometros mais longa, e muitas vezes nem ao menos questionamos a razão disso acontecer. Não questionamos porque nos sentimos tão cansadas, porque mesmo nos esforçando muito demoramos a alcançar nossos objetivos profissionais, porque nos sentimos ansiosas diante da lista de tarefas infinitas e nem porque odiamos nossos corpos. Ao contrário, muitas vezes nos culpamos, e reproduzimos essa opressão fortalecendo a nossa juíza interna que diariamente apresenta a lista de ‘deverias’.

É por essas e outras que um dia como esse (e não apenas!) precisa ser usado para discutirmos a mudança desses paradigmas. Não devemos pagar o preço dessas mudanças sozinhas, precisamos de muita articulação coletiva ainda, movidas por nós mas endossada por toda a sociedade.

Não desejamos ser isentas do sofrimento, apenas não queremos que ser mulher nos condene a isso. Enquanto uma mulher viver o impasse para acolher suas necessidades devido às pressões sociais de vestir a pele feminina, nossa sociedade ainda não deu certo.

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